TRABALHAR MENOS, ROUBAR MAIS E MENTIR MELHOR

O portal “Angola Hoje”, hoje apresentado pelos peritos em propaganda do MPLA, é mais um meio que o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) coloca ao serviço do regime e que vai reunir informações generalizadas sobre a actualidade nacional, desde oficiais, turismo, cultura, economia e investimentos, bem como programas do Executivo, desde que sirvam para branquear a imagem do Governo.

Segundo o site do MINTTICS, o portal busca contribuir significativamente para a criação de um estado de opinião positivo e favorável junto do cidadão angolano, no interior e exterior de Angola e facilitar, desta forma, ser um espaço privilegiado de interacção sobre as várias esferas da vida pública. Por outras palavras, visa ministrar “aulas” de educação patriótica, sendo condição “sine qua non” apenas elogiar o MPLA, nem que para isso tenha de fazer da mentira um desígnio patriótico.

Os cibernautas, diz o ministério, a nível nacional e internacional, vão ter acesso a informações disponíveis nas áreas de pesquisa, directório, vídeos, fotos e notícias.

Para o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, esta plataforma dará corpo a um dos lemas de governação do país, “Trabalhar Mais e Comunicar Melhor”, dando assim corpo – acrescentamos nós – à tese de que o MPLA é Angola e Angola é do MPLA.

O ministro disse ainda que com este portal, pretende-se mostrar as potencialidades do país aos angolanos e estrangeiros, bem como a interconexão entre os órgãos públicos, com informações diversificadas para os cidadãos, assim como o empresariado.

“Com o Angola Hoje pretendemos levar a todas latitudes uma informação clara e credível sobre o desenvolvimento do país nos seus mais variados sectores”, referiu Mário Oliveira. Ainda agora começou o ano e já os peritos dos peritos do MPLA apresentam as suas candidaturas ao Anedotário Nacional de 2024.

Por sua vez e na a presentação técnica da plataforma digital, o Secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno dos Anjos Caldas Albino – “Nuno Carnaval” (que até foi ministro da Comunicação Social, em substituição de Aníbal João da Silva Melo), “disse que o objectivo é mostrar a imagem de Angola moderna, de oportunidades á busca do desenvolvimento económico, social, cultural”. Honra seja feita ao Nuno que não disse que o objectivo era escrever (ou mostrar) a… verdade.

Albino Caldas referiu também que o “portal vêm aumentar a consciência dos cidadãos e governados, assegurar o diálogo de proximidade e compartir sistematicamente informações de forma coordenada, a fim de consolidar uma percepção e reputação positiva do Executivo”.

O portal “Angola Hoje”, comporta, uma narrativa de comunicação aberta, interactiva e transparente, sobre cultura, turismo, agro-negócios, indústria, economia, finanças e eventos regionais, já que o portal possui uma interface apelativa e fácil de navegar, projectada para facilitar o acesso dos usuários às informações e conteúdos.

MINTAM, MINTAM SEMPRE

Enquanto ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, provavelmente no âmbito do cumprimento das ordens superiores do general João Lourenço, pediu (quem exige é o patrão dele) aos angolanos de primeira residentes em Portugal para não mostrarem “o lado mau” do país sob pena de afugentarem os investidores estrangeiros.

Para o ministro, não se deve mostrar ao mundo que Angola vive problemas de desemprego, que tem 20 milhões de pobres, que vê morrer muita gente (sobretudo crianças) com fome e com malária.

“Nós não podemos mostrar o lado mau ou mostrar ao mundo que o nosso País tem problemas ou que há desemprego. Temos é que mostrar apenas o lado bom porque precisamos de investidores. Precisamos é de divulgar o país com aquilo que é bom. O que é mau guardamos para nós”, disse Marcy Lopes, durante o encontro (Outubro de 2021) com os angolanas (do MPLA) residentes em Lisboa, onde esclareceu questões ligadas ao registo eleitoral no exterior.

Segundo o ministro, os angolanos “devem todos adoptar uma postura de divulgar o país para que os empresários estrangeiros invistam”. Mintam, aconselha o ministro Marcy Lopes. Ou seja, façam como o MPLA.

“Se falarmos do desemprego, logo afugentamos os investidores do País. Necessitamos é de investimentos, porque quem dá emprego são os investidores privados e nunca o Estado”, afirmou o ministro. E acrescentou: “Temos de vender uma boa imagem e não podemos mostrar o lado mau das coisas em Angola”.

Marcy Lopes salientou durante o encontro em Lisboa que os angolanos insatisfeitos devem é reclamar junto das instituições por escrito e nunca verbalmente. Ou seja, os cidadãos não devem fazê-lo em voz alta, mas sim expor as suas indignações num livro de reclamações.

“Críticas mal feitas não resolvem os problemas, críticas feitas fora do tom em nada resolvem, devemos é fazer as críticas em tom certo”, afirmou o ministro Marcy Lopes que, como prémio pelos bons serviços prestados em favor da mentira oficial, é hoje titular da pasta da Justiça e Direitos Humanos.

Recorde-se que, em 7 de Maio de 2016, o deputado “Nuno Carnaval” afirmou no Bailundo que a consolidação da paz dependia da participação patriótica e construtiva dos angolanos, independentemente das convicções partidárias e do credo religioso.

“A nação não se constrói de um dia para o outro e nem tão pouco é um fenómeno, faz-se com espírito patriótico, cívico e amor ao próximo”, enfatizou “Nuno Carnaval”, quando falava na campanha de exaltação e divulgação dos feitos – registe-se – do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, promovida pelo Movimento Nacional Espontâneo (MNE), na vila municipal do Bailundo.

“Nuno Carnaval” instou, por esta razão, a população do Bailundo a cerrar fileiras em torno da preservação da paz, visando a promoção do desenvolvimento sustentável da localidade e do país, em geral, tendo em conta as orientações do Presidente João Lourenço, perdão, José Eduardo dos Santos, baseadas na melhoria da qualidade de vida e do bem-estar dos angolanos.

Referiu também que a paz constitui um direito do povo angolano, que, por sua vez, merece viver num país com estabilidade política (MPLA no poder há 48 anos), para prosseguir com o desenvolvimento e seu bem-estar económico e social, aproveitando a criatividade dos jovens para factos positivos que possam contribuir e dar continuidade as aspirações do povo angolano.

Lembram-se os nossos leitores que a lei que estabelece a deferência do uso da bandeira nacional, insígnia e hino nacional de Angola (leia-se do MPLA) foi aprovada no dia 9 de Agosto de 2018 pelo Parlamento, com 131 votos favoráveis do MPLA e de parte da oposição constituída pelos sipaios do MPLA, contando ainda com 56 abstenções dos sipaios assimilados da UNITA?

A proposta do Governo visava, entre outras mais-valias de um regime da único partido, “promover o conhecimento massivo, o respeito e a utilização uniforme dos símbolos nacionais”.

Em sede de votação final global do diploma legal, que tem ainda como fundamento densificar os dispositivos constitucionais sobre os símbolos nacionais, o MPLA (no poder desde 1975), considerou o documento como um “factor positivo sobre a valorização e reconhecimento histórico do país”.

“A aprovação da presente lei é o factor positivo desse esforço colectivo e só assim teremos a certeza da elevação da consciência patriótica dos cidadãos, da valorização e reconhecimento da nossa história e da nossa identidade cultural”, afirmou na altura um deputado do MPLA. Quem? Nem mais. “Nuno Carnaval”.

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